Deadpool não é um dos personagens mais conhecidos da Marvel, mas definiivamente está entre os melhores. Ele é insano, engraçado, imoral, cheio de ideias adolescentes e imaturas que te fazem rir. Um anti-herói controverso com uma personalidade forte que deixa sua marca em qualquer mídia que passar.
O jogo reflete isso muito bem, construindo um retrato do personagem
que eu particularmente considero bem fiel (pelo menos até onde eu sei).
Do início ao fim os diálogos bem escritos mostram a maneira maluca como
Deadpool conversa com as várias vozes dentro da sua cabeça, e como ele
está disposto a fazer de tudo por garotas e supremacia. É muito
engraçado. Eu geniunamente ri em vários momentos da aventura, com
destaque pras horas em que Deadpool conversa com outros personagens
conhecidos como Wolverine e Rogue ou caçoa dos vilões.
Além do personagem em si, Deadpool também emprega humor
criticando algumas características de design deploráveis que permeam os
jogos de hoje. Salas de cheias de inimigos, seções chatas de plataforma,
uma parte de customização só porque “todo jogo hoje precisa ter”. É
interessante como novamente a escrita brilhante torna tudo isso muito
engraçado, enquanto ao mesmo tempo o jogo em si não faz nada para
resolver essas mesmas questões. É como se os desenvolvedores estivessem
cientes de que o que estavam fazendo era uma espécie de checklist dos
jogos genéricos de ação, e resolveram rir de tudo isso ao invés de
tentar tornar a jogabilidade mais interessante.
A
jogabilidade assim é o grande problema do jogo. O excelente humor e
engraçado protagonista fazem de tudo pra chamar sua atenção, mas
infelizmente não conseguem tornar Deadpool em um vídeo game de ação interessante.
Durante a aventura você está constantemente limpando salas e mais salas de inimigos, usando uma combinação de combate melee com shooter em terceira pessoa. Apesar de ambos os sistemas serem decentes, eles simplesmente não oferecem nada além do mais simples button mashing. Você pode até focar em um dos 3 ou 4 combos disponíveis nas armas melee,
só pra descobrir que eles não têm nenhum efeito diferente dos ataques
nomais. Na maior parte do combate você também não precisa nem desviar,
pois um B vermelho gigante aparece constantemente sobre a cabeça dos
inimigos, indicando uma oportunidade de contra-ataque (e sim, é só
apertar B). Na parte de tiros acontece algo semelhante, pois as armas
genéricas dificilmente vão te oferecer mais satisfação do que o velho e
repetitivo headshot.
Apesar de “fazer seu trabalho”, eu ainda sim me irritei com outro aspecto do combate: o desbalanceamento entre o dano melee
e as armas à distância. Enquanto que meu martelo completamente upado
levava uns 10 golpes pra matar um inimigo, uma arma semelhante o matava
em dois ou três tiros, ou um headshot. Chefes que pareciam muito
difíceis com a espada, de repente foram mortos quase que
instantaneamente com uma rajada de tiros na cabeça. E chegando mais pro
final onde os inimigo são mais difíceis, o combate melee fica
extremamente irritante pois ele parece não escalar em nada com o resto
do jogo. Simplesmente não faz sentido!
Pra complementar o combate existe também um sistema de customização.
Matando inimigos e conseguindo combos mais altos você acumula pontos que
podem ser usados pra desbloquear novas armas e melhorar as que você já
tem. Um sistema de customização funciona bem nesse tipo de jogo porque
incentiva você a jogar melhor e ir ficando mais forte, como já mostrado
em outras franquias de sucesso como Devil May Cry. Uma pena
que, como os danos do combate são tão desbalanceados, o sistema que
começa como uma grande promessa acaba decepcionando bastante mais pro
final. Mas ainda sim é pelo menos um incentivo pra você tentar explorar
cantos em busca de moedas que ajudam a complementar os pontos.
Outra reclamação que eu tenho é com o design completamente genérico dos cenários. Deadpool
é um jogo linear onde você vai passar por cidades destruídas, esgotos,
escritórios e níveis que parecem ter sido tirados da pasta de “ambientes
pra toda obra” de um estúdio de desenvolvimento. Porém ainda há partes
interessantes a câmera muda pra mostrar uma pequena seção estilo The Legend of Zelda, ou Super Mario.
Existem também certos momentos legais em que o jogo usa sua instável
parte de plataforma pra construir uma sensação de movimentação vertical.
Infelizmente essas boas partes são pequenas se comparadas a todas as
horas que você vai passar indo de um lugar pra outro exatamente igual.
A campanha single player de Deadpool dura entre 5 e 6 horas,
o que ao meu ver é bastante curta. Como não há colecionáveis pra pegar,
depois de zerar a única coisa a fazer é tentar os desafios, fases em
que você tenta acumular o maior número de pontos em determinado tempo.
Eu particularmente tentei uns 2 ou 3, até decidir que já tinha passado
da hora de colocar o jogo de volta na caixa.
A jogabilidade de Deadpool
é realmente sem atrativos, genérica e, muitas vezes, problemática. Mas
eu quero deixar claro que a escrita e os personagens são muito bem
bolados, engraçados, e só por eles vale a pena dar uma conferida nesse
jogo. Quem é fã do personagem, tenho certeza que vai descontar boa parte
dos aspectos ruins. Quem não é fã provavelmente vai conseguir tolerar o
jogo até o final também. Minha dica: aproveite uma boa promoção pra
comprá-lo.
Versão usada para a análise: PC
Áudio em português: Não
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