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Deadpool

Deadpool é um jogo engraçado e bem escrito, e principalmente, fiel ao insano personagem da Marvel. Uma pena que a jogabilidade genérica e a curta duração de 5 horas compliquem muito a justificação do preço de compra.



Deadpool não é um dos personagens mais conhecidos da Marvel, mas definiivamente está entre os melhores. Ele é insano, engraçado, imoral, cheio de ideias adolescentes e imaturas que te fazem rir. Um anti-herói controverso com uma personalidade forte que deixa sua marca em qualquer mídia que passar.
O jogo reflete isso muito bem, construindo um retrato do personagem que eu particularmente considero bem fiel (pelo menos até onde eu sei). Do início ao fim os diálogos bem escritos mostram a maneira maluca como Deadpool conversa com as várias vozes dentro da sua cabeça, e como ele está disposto a fazer de tudo por garotas e supremacia. É muito engraçado. Eu geniunamente ri em vários momentos da aventura, com destaque pras horas em que Deadpool conversa com outros personagens conhecidos como Wolverine e Rogue ou caçoa dos vilões.
Além do personagem em si, Deadpool também emprega humor criticando algumas características de design deploráveis que permeam os jogos de hoje. Salas de cheias de inimigos, seções chatas de plataforma, uma parte de customização só porque “todo jogo hoje precisa ter”. É interessante como novamente a escrita brilhante torna tudo isso muito engraçado, enquanto ao mesmo tempo o jogo em si não faz nada para resolver essas mesmas questões. É como se os desenvolvedores estivessem cientes de que o que estavam fazendo era uma espécie de checklist dos jogos genéricos de ação, e resolveram rir de tudo isso ao invés de tentar tornar a jogabilidade mais interessante.


A jogabilidade assim é o grande problema do jogo. O excelente humor e engraçado protagonista fazem de tudo pra chamar sua atenção, mas infelizmente não conseguem tornar Deadpool em um vídeo game de ação interessante.
Durante a aventura você está constantemente limpando salas e mais salas de inimigos, usando uma combinação de combate melee com shooter em terceira pessoa. Apesar de ambos os sistemas serem decentes, eles simplesmente não oferecem nada além do mais simples button mashing. Você pode até focar em um dos 3 ou 4 combos disponíveis nas armas melee, só pra descobrir que eles não têm nenhum efeito diferente dos ataques nomais. Na maior parte do combate você também não precisa nem desviar, pois um B vermelho gigante aparece constantemente sobre a cabeça dos inimigos, indicando uma oportunidade de contra-ataque (e sim, é só apertar B). Na parte de tiros acontece algo semelhante, pois as armas genéricas dificilmente vão te oferecer mais satisfação do que o velho e repetitivo headshot.


Apesar de “fazer seu trabalho”, eu ainda sim me irritei com outro aspecto do combate: o desbalanceamento entre o dano melee e as armas à distância. Enquanto que meu martelo completamente upado levava uns 10 golpes pra matar um inimigo, uma arma semelhante o matava em dois ou três tiros, ou um headshot. Chefes que pareciam muito difíceis com a espada, de repente foram mortos quase que instantaneamente com uma rajada de tiros na cabeça. E chegando mais pro final onde os inimigo são mais difíceis, o combate melee fica extremamente irritante pois ele parece não escalar em nada com o resto do jogo. Simplesmente não faz sentido!
Pra complementar o combate existe também um sistema de customização. Matando inimigos e conseguindo combos mais altos você acumula pontos que podem ser usados pra desbloquear novas armas e melhorar as que você já tem. Um sistema de customização funciona bem nesse tipo de jogo porque incentiva você a jogar melhor e ir ficando mais forte, como já mostrado em outras franquias de sucesso como Devil May Cry. Uma pena que, como os danos do combate são tão desbalanceados, o sistema que começa como uma grande promessa acaba decepcionando bastante mais pro final. Mas ainda sim é pelo menos um incentivo pra você tentar explorar cantos em busca de moedas que ajudam a complementar os pontos.


Outra reclamação que eu tenho é com o design completamente genérico dos cenários. Deadpool é um jogo linear onde você vai passar por cidades destruídas, esgotos, escritórios e níveis que parecem ter sido tirados da pasta de “ambientes pra toda obra” de um estúdio de desenvolvimento. Porém ainda há partes interessantes a câmera muda pra mostrar uma pequena seção estilo The Legend of Zelda, ou Super Mario. Existem também certos momentos legais em que o jogo usa sua instável parte de plataforma pra construir uma sensação de movimentação vertical. Infelizmente essas boas partes são pequenas se comparadas a todas as horas que você vai passar indo de um lugar pra outro exatamente igual.
A campanha single player de Deadpool dura entre 5 e 6 horas, o que ao meu ver é bastante curta. Como não há colecionáveis pra pegar, depois de zerar a única coisa a fazer é tentar os desafios, fases em que você tenta acumular o maior número de pontos em determinado tempo. Eu particularmente tentei uns 2 ou 3, até decidir que já tinha passado da hora de colocar o jogo de volta na caixa.


A jogabilidade de Deadpool é realmente sem atrativos, genérica e, muitas vezes, problemática. Mas eu quero deixar claro que a escrita e os personagens são muito bem bolados, engraçados, e só por eles vale a pena dar uma conferida nesse jogo. Quem é fã do personagem, tenho certeza que vai descontar boa parte dos aspectos ruins. Quem não é fã provavelmente vai conseguir tolerar o jogo até o final também. Minha dica: aproveite uma boa promoção pra comprá-lo.
Versão usada para a análise: PC
Áudio em português: Não
Legendas em português: Não

Fonte: http://muitosupremo.com.br/2013/deadpool/

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